
Olá, meus amigos, mais uma terça feira, mais um livro. Hoje trago-vos um dos livros que mais me marcou, devido à história que nos é contada. Vou falar-vos novamente Viver Depois de Ti, de Jojo Moyes.
Já falei deste livro, mas no ponto de vista da personagem feminina, a Louisa Clark. Hoje vou falar-vos da perspetiva da personagem masculina, o Will Traynor.
Will era um jovem que estava habituado a viver no limite. Fazia bundee junping, atirava-se de falésias, fazia ski nas montanhas mais ingremes, entre outras atividades radicais.
Num dia, estava a preparar-se para ir trabalhar e chovia torrencialmente. Will costumava ir de moto, mas nesse dia saiu para ir apanhar um táxi, acabando assim por fazer a vontade à Alicia, sua namorada, que não queria que ele fosse de mota. Ironia do destino, no preciso momento em que estava a entrar num táxi é atropelado, ficando tetraplégico. A C5 e C6 ficaram totalmente desfeitas.
A história do Will começa a ser recontada dois anos após o acidente. Com este reinício, Will voltou a viver com os pais, num anexo reconstruído de propósito para o acomodar. Will é acompanhado diariamente por Nathan, que é o seu enfermeiro e fisioterapeuta. Como devem imaginar, o Will está preso a uma cadeira e cama, pelo que precisa que os seus músculos não atrofiem. Os pais de Will decidem contratar uma ajudante doméstica para auxiliar Will nas ausências de Nathan, como dar-lhe a medicação, limpar-lhe os cateteres, entre outras tarefas. Loiusa é a escolhida para esta tarefa e é contratada por um período de seis meses.
As primeiras semanas de Lou em casa do Will são insuportáveis, uma vez que ele não a quer lá e tudo faz para ela se ir embora. Ela pensa em desistir, mas depois de falar com a sua irmã, decide continuar, pois os seus pais precisavam desta ajuda financeira.
Aos poucos, a tarefa de tratar de Will vai-se tornando melhor, pois Will começa a aceitar a presença de Clark. Contudo, as respostas sarcásticas de Will continuam.
Num dos tratamentos de Louisa a Will, ela repara numas cicatrizes nos pulsos. Ela fica um pouco transtornada ao ponto de ir falar com Nathan. Nathan confidencia-lhe que Will se tentou suicidar. Penso que todos se estão a interrogar como é que um tetraplégico se tenta suicidar? Quando há desespero, há vontade. O chão do anexo de Will tinha ainda alguns tacos mal pregados, pois tinha sido concluído um pouco à pressa. Então Will conseguiu inclinar a cadeira de rodas e o seu corpo caiu no chão. Apesar da pouca mobilidade, conseguiu arrastar-se até à zona dos tacos e pressionou os seus pulsos contra os pregos. Acabou por ser encontrado pelo seu pai, quase em estado terminal. Conseguiram-no levar para o hospital a tempo, onde ficou internado durante alguns meses.
O estado de saúde de Will tinha muitos altos e baixos, devido à sua condição. Não conseguia controlar a temperatura corporal, era propício para desenvolver pneumonias e outro tipo de infeções, tinha convulsões com frequência, entre outras. Foi numa das suas últimas crises que Will tomou uma decisão irreversível. Will comunicou aos pais que queria por fim à sua vida, pelo que lhes comunicou que só iriam ter a sua companhia por um período de seis meses e que quando chegasse esse terminus iria até a uma clínica na Suíça, chamada Dignitas, para por fim à sua vida. Conseguem-se se por na pele destes pais? Como devem calcular, a decisão do Will não foi tomada de ânimo leve.
Este assunto de por fim à própria vida é um assunto que gera alguma controvérsia. Para alguns, a vida é um bem precioso e só Deus pode decidir a hora da nossa partida. Para outros, sobretudo os que sofrem de doenças incuráveis, preferem partir conscientes e em plenas funções do que esperar por uma morte indigna e excruciante.
Peço que se ponham no lugar do Will. Um jovem com uma carreira promissora pela frente, habituado a participar em escaladas, desportos radicais, entre outros, ficar confinado a uma cadeira de rodas e a precisar de auxílio 24h/24h. Como é que se sentiriam? Mais uma vez, afirmo que este tema é um tema de difícil análise e discussão, devido a todos os valores adjacentes.
Chegou o dia D, o dia 13 de agosto, o dia que Will ia por fim à sua vida. Antes de chegar a este dia, Will e Clark apaixonaram-se perdidamente. Will despertou Clark para a vida, levando-a a experimentar a vida como nunca tinha experimentado. Pode-se dizer que quer Will quer Clark reaprenderam a viver. Mas nem esta paixão levou Will a abandonar a sua ideia. Will e os pais partiram para a Suíça. Loiusa, entretanto, tinha deixado de trabalhar para os Traynor, pois não conseguia viver com a ideia de que Will ia por fim à sua vida. Contudo, esta volta atrás na sua decisão e revolve ir ter com ele à Suíça, após pedido da mãe de Will. Apesar de não concordar com a decisão de Will, Louisa vai despedir-se do seu amor.
Will despede-se de Clark, dos seus pais e irmã. Finalmente, descansa e larga o corpo que o aprisionara.
Os diplomas que permitem despenalizar a morte medicamente assistida por vontade do doente em Portugal foram aprovados em Assembleia da República, a 20 fevereiro do presente ano. Esta aprovação permite a criação da legislação e das normas que irão regularizar todo o processo que envolve esta despenalização.
Mais uma vez, reafirmo a sensibilidade deste tema. Lá por ter sido aprovado, e dentro em breve se tornar num direito, não obriga ninguém a usufruir do mesmo.
Termino a rubrica de hoje com uma frase que li nas redes sociais sobre a despenalização da eutanásia que, na minha opinião, é esclarecedora: “Os direitos não nos obrigam a nada, a sua ausência é que nos limita”.
Simplesmente maravilhoso! Prende-nos da primeira à última página. Depois de terminar somos levados a ler o resto da trilogia e a emoção e envolvimento são os mesmos…
A questão da eutanásia é bem abordada. Conseguimos imaginar muito bem o que Will sente e compreender perfeitamente a sua decisão. Compreender e aceitar. Aceitar a sua decisão é um gesto de amor, recusá-la um ato de egoísmo.
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Muito obrigada 😊 Gratidão 🙏 🙏
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